A Associação para o Desenvolvimento Integral do Down (Adid) será a nossa parceira no Projeto Terra, que este ano escolheu a inclusão social como tema central, tendo como principal foco as pessoas com Síndrome de Down (T21). Ao longo de 2019, serão realizadas oficinas diversas com os alunos da Adid. Em um futuro breve, a Tecmach planeja ter pessoas com SD no quadro de funcionários.
A diretora educacional da instituição, Alda Lúcia Pacheco Vaz, que participou da apresentação oficial do calendário 2019 do Projeto Terra, no mês passado, se disse muito satisfeita com a parceria. “Ficamos muito felizes quando vemos iniciativas como a da Tecmach, que está conseguindo dar um destino produtivo, criativo e útil ao seu material descartado. E não se trata apenas de preservação do meio ambiente. Um valor maior está sendo difundido entre os seus colaboradores: o incentivo à criatividade, o trabalho em equipe e, principalmente, a preocupação com o próximo. Colaboração e valorização humana não faltam a esse pessoal. Poder ajudar neste trabalho de conscientização social é muito gratificante”, diz ela.
Para o diretor geral da Tecmach, Oswaldo Soares Junior, o trabalho com a Adid trará um crescimento importante à vertente social do Projeto Terra, que busca conscientizar seus colaboradores sobre a importância do olhar especial aos menos favorecidos.
“Queremos contribuir com a inclusão social e a causa da Adid, abrindo as portas para pessoas com SD. O objetivo para este ano é tê-las no quadro de profissionais e até levá-las para atuarem em clientes. Entendemos que agora, com as nossas novas áreas de negócios, temos espaço para ajudar na formação profissional dessas pessoas”, afirma o diretor.
Há 30 anos, a Adid se dedica a promover o desenvolvimento completo e a inserção no mercado de trabalho de pessoas com SD. A entidade, fundada por pais com filhos com a síndrome, é mantenedora da Escola de Ensino Fundamental Prof. Antonio Francisco de Carvalho Filho, única instituição com ensino fundamental regular (1º ao 5º ano) voltada a essa população.
No Brasil, a Síndrome de Down (SD) atinge cerca de 300 mil pessoas, com um caso a cada 700 nascimentos. No mundo, calcula-se que a incidência seja de uma em cada mil crianças nascidas. Ao contrário do que se imagina a SD não é uma doença, mas uma alteração genética, cuja origem ainda é desconhecida.
A anomalia ocorre no conjunto de cromossomos a partir das primeiras divisões celulares. Enquanto uma pessoa normal possui 46 cromossomos, o portador de SD conta com um a mais (47), em razão da cópia extra do cromossomo 21. Esse exemplar a mais desencadeia uma série de problemas que comprometem principalmente o desenvolvimento intelectual.
Décadas atrás, a Síndrome de Down era um tabu. As crianças com SD viviam confinadas dentro de casa. Hoje, graças ao trabalho promovido por várias instituições, essas pessoas são percebidas pela sociedade, ainda que de forma modesta, e emprestam sua força de trabalho a várias empresas.
Além do trabalho realizado pelas entidades, a inclusão de pessoas com Síndrome de Down está ligada diretamente à maneira como as famílias lidam e se envolvem com a questão, já que o nível de desenvolvimento do indivíduo depende dos estímulos que ele recebe dentro de casa. “As experiências mostram que o envolvimento familiar é decisivo para o avanço da criança, independente do seu nível econômico”, afirma Alda.
Um exemplo disso é Edmilson Luiz Lourenço da Silva, de 26 anos, que se alfabetizou e passou pelo processo de preparação para o trabalho na Adid e hoje está na empregabilidade da associação. Sua vocação para a culinária lhe rendeu o quarto lugar na Olímpiada do Conhecimento de 2012, promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), depois de se preparar por alguns meses, num curso rápido de panificação, com máquinas industriais, no próprio Senai.
Com o resultado da competição, que reuniu pessoas com deficiência intelectual de todo o país, Edmilson terminou contratado pelo Senai como auxiliar técnico de panificação. Depois de anos na função, ganhou mais responsabilidade na organização e foi transferido para o setor de recepção, onde está atualmente. “Às vezes o pessoal me deixa de cabeça quente de tanta coisa que me pedem”, diz ele, com sorriso no rosto.
Por trás da evolução de Edmilson, está a sua família. A mãe, Doracy Lourenço da Silva, ex-empregada doméstica, apesar da origem humilde e das imensas dificuldades financeiras, decidiu que o filho com Síndrome de Down teria um futuro diferente do decretado pelo médico no nascimento. “Disse para mim mesma que o meu filho seria um cidadão e consegui”, afirma orgulhosa.
A tarefa exigiu de Doracy muita perseverança e uma dedicação acima da média. Ela chegou a ir para o banco escolar com Edmilson, para ajudá-lo nos estudos – por um período ele cursou o ensino público e depois ingressou na Adid. Somado ao trabalho, Edmilson leva uma vida praticamente normal de um jovem da sua idade – adora música, dança e futebol. “Foi muito difícil, mas não desisti e tenho orgulho de ver quem é o meu filho hoje e aonde ele chegou”, diz a mãe, orgulhosa.
